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Saudações

Ernesto Germano Parés

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A cada quatro anos a mesma tática.

 

Desde 2002, quando os vendilhões de empresas estatais perderam as eleições presidenciais, temos assistido às mesmas táticas sempre que se aproxima um período eleitoral. Como agem eles? O principal alvo, sempre, são as empresas que simbolizam a resistência da nossa economia e a autonomia nacional: sempre aparecem, em evidência, a Petrobras e a Eletrobras! Quem ainda não reparou nisso?

 

E qual o motivo de serem sempre essas duas? Simples... Porque havia, no último ano de governo do PSDB, um compromisso de que seriam privatizadas, mas a derrota do projeto neoliberal e a vitória de um novo projeto para o Brasil atrapalharam os planos. Então, como dizíamos, a cada quatro anos vemos a mesma ladainha partindo da grande imprensa: acusações contra a Petrobras e contra a Eletrobras; ameaças de crise de petróleo ou energia; “escândalos” forjados nas editorias da mídia comprometida com o neoliberalismo; etc.

 

Então, vamos analisar um pouco mais. Eles querem atacar a Petrobras inventando coisas sobre a refinaria de Pasadena? Vamos analisar com mais calma…

 

Em primeiro lugar, é preciso entender que o petróleo brasileiro é um produto chamado do tipo “pesado”, ou seja, não é um petróleo fino como o da Venezuela ou da Arábia Saudita. Mas o Brasil está batendo recordes de produção de petróleo e uma refinaria capaz de trabalhar o nosso produto, chamado “pesado” em pleno território estadunidense é uma importante “ponta de lança” para entrar no mercado.

 

A questão estratégica também tem um importante papel. A refinaria de Pasadena, no Texas, é uma unidade de refino de petróleo “pesado” que está localizada no Houston Ship Channel, umas das vias navegáveis mais importantes dos EUA. Tem capacidade para refinar cerca de 120 mil barris de petróleo por dia e entrou para o patrimônio da Petrobras em 2006, quando a estatal comprou 50% de suas ações.

 

Por que os nossos jornais não ouvem duas pessoas que poderiam ser consideradas “isentas”?

 

Seria bom que a mídia ouvisse o presidente da Editora Abril (da Veja), Fabio Barbosa. Para quem não sabe, ele ocupava uma posição privilegiada quando a refinaria de Pasadena foi comprada, porque era membro do Conselho de Administração da empresa.

 

Dizem que é um executivo “respeitado”. Então, por que não o entrevistam? Porque ele declarou, em uma gravação, que “A proposta de compra de Pasadena submetida ao Conselho em fevereiro de 2006, do qual eu fazia parte, estava inteiramente alinhada com o plano estratégico vigente para a empresa, e o valor da operação estava dentro dos parâmetros do mercado, conforme atestou então um grande banco americano, contratado para esse fim. A operação foi aprovada naquela reunião nos termos do relatório executivo apresentado.”

 

Interessante é que essa declaração está na página da Veja, na Internet, mas não na revista.

 

Outro que poderia ser ouvido e ninguém lembra é Claudio Haddad, também ex-conselheiro da Petrobras. Acontece que Haddad é um economista muito prestigiado e procurado pela imprensa na hora de falar de questões macroeconômicas. Mas “não lembraram” de falar com ele sobre a refinaria?

 

Ele confirmou as palavras de Fabio Barbosa e disse que “O Citibank apresentou um ‘fairness opinion’ (recomendação de uma instituição financeira) que comparava preços e mostrava que o investimento fazia sentido, além de estar em consonância com os objetivos estratégicos da Petrobras dadas as condições de mercado da época.” E ninguém ouviu o Citibank!

 

Agora, vamos aos fatos reais...

 

1) A compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras não foi um negócio equivocado; ela custou, ao todo, US$ 486 milhões e não US$ 1,18 bilhão; seu valor de aquisição, para a época foi abaixo da média de uma refinaria nos mesmos padrões; o negócio atendia ao planejamento estratégico da companhia, definido ainda no governo Fernando Henrique Cardoso; e sua compra foi aprovada pelo Conselho de Administração da Petrobras, que entre seus membros contava com a participação de Fábio Barbosa, presidente da Abril e ex-presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), de Jorge Gerdau, presidente do Grupo Gerdau, e de Cláudio Haddad, presidente-acionista da Ambev;

 

2) Agora, vejam o tamanho da mentira que estão contando. Dizem que a Astra teria comprado a refinaria por US$ 42,5 milhões e vendido para a Petrobras por US$ 1,18 bilhão. Mentira! A Astra, quando comprou, pagou US$ 326,5 milhões, e a companhia brasileira, quando adquiriu a refinaria, pagou US$ 486 milhões (190 milhões na primeira parcela e 296 milhões na segunda, sendo essa última parcela arbitrada pela justiça americana quando houve a separação da sociedade com a empresa Astra Oil). O preço real do negócio foi 40% do valor de US$ 1,18 bilhão alegado pela oposição e pela mídia. O preço pago revela um índice de custo da refinaria de 4.860 dólares por barril de capacidade de processamento/dia, quando a média, à época, era bem acima: de 9.734 dólares por barril, o que comprova que ela foi comprada abaixo do valor de mercado.

 

A nós interessa, em particular, a questão do setor elétrico. Por que a mídia insiste em criar pânico? Por que tentam levar insegurança para os trabalhadores do setor?

 

A realidade é muito simples, mas a imprensa não quer mostrar. Em apenas quatro meses (janeiro a abril de 2014), o Sistema Interligado Nacional (SIN) ampliou sua capacidade instalada de geração de energia elétrica em 2.424,1 MW! Segundo dados do Ministério de Minas e Energia (MME), 1.175,5 MW são provenientes das hidrelétricas Jirau e Santo Antônio, situadas no complexo do rio Madeira. Até o fim do ano deveremos ter mais 6.000 MW.

 

Desde janeiro, a UHE Jirau teve 450 MW liberados para operação comercial. A usina também totalizou até o momento sete unidades geradoras. Juntas, elas equivalem 525 MW de capacidade instalada. Enquanto isto, a usina hidrelétrica de Santo Antônio, no mesmo período, obteve liberação para operar mais 725,5 MW e somou 26 máquinas disponíveis para geração de energia.

 

A fonte térmica também contribui para o processo de expansão. A parcela de 510 MW foi incluída no montante totalizado até abril. Em relação aos parques eólicos, foram liberados para operação comercial 711 MW. Destes, 50 MW de capacidade instalada começaram a operar em três usinas eólicas a partir de janeiro.

 

Desde 2011, a oferta de geração de energia cresceu 17.765,3 MW. Deste total, 6.164,3 MW têm origem hídrica e 8.351,0 MW foram produzidos a partir de fonte térmica. A participação eólica representa 3.250,0 MW.

 

Muito interessante é se observarmos que a nossa imprensa, toda comprometida contra as empresas estatais, passa a maior parte do tempo criticando o “pibinho” do Brasil e dizendo que é preciso crescer a taxas mais elevadas. Mas “esquece” de dizer que não há condições de crescimento econômico sem mais oferta de energia. E tem sido esta a meta atual das nossas empresas. Investir na produção de energia para permitir a retomada do crescimento.

 

Por exemplo, sem muito estardalhaço, no dia 28 de março o consórcio formado por Furnas e pelo fundo de investimento Constatinopla ganhou a concessão da usina hidrelétrica Três Irmãos que era operada pela Cesp. O grupo foi o único a apresentar proposta no leilão realizado na BM&F Bovespa, em São Paulo.


Dentro do programa de renovação das concessões, agora Furnas terá 30 anos para operar e fazer crescer a usina Três Irmãos, no rio Tietê (SP). O complexo entrou em operação em 1993 e tem capacidade para gerar 807,5 MW (megawatts). A hidrelétrica Três Irmãos teve sua concessão vencida em novembro de 2011 e o governo federal incluiu a usina nas regras para renovação das concessões do setor elétrico, plano elaborado pelo governo federal em 2012 para reduzir tarifas.
 

A Cesp, então concessionária da usina, não aceitou renovar a concessão de acordo com as regras apresentadas pelo governo federal, e chegou a tentar impedir a realização do leilão.

 

Não há o que esconder no setor elétrico. E isto fica comprovado pela decisão do Governo Federal em participar francamente na 11ª Edição do Encontro Nacional dos Agentes do Setor Elétrico. O encontro acontecerá no Rio de Janeiro, nos dias 6 e 7 de maio. O MME será representado por Marcio Zimmermann, secretário executivo da pasta na abertura do evento, que tem como tema "Setor Elétrico Brasileiro: Uma visão 2014/2019". Os outros órgãos - Aneel, CCEE, EPE e ONS também estarão representados no evento.

 

No encontro haverá também algumas importantes apresentações sobre o setor elétrico nacional: em primeiro lugar, o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, estará falando sobre as projeções do setor e também apresentará um panorama real da energia o diretor-geral da NOS, Hermes Chipp.

 

Haverá debate com os presentes e vários especialistas no setor estarão respondendo às perguntas. Ou seja, isto mostra que não há o que esconder o público. Mas a nossa pergunta é: será que a mesma imprensa que fica criando alarme e criando confusão nas informações vai noticiar esse encontro? Será que serão isentos na hora de registrar as informações?

 

De uma coisa podemos ter certeza: toda essa sanha contra as empresas do grupo Eletrobras e do grupo Petrobras acabarão logo depois das eleições. Os interessados nas privatizações dessas empresas precisam criar pânico e “provar” que o Estado não é bom administrador, que o ideal é passar as empresas para o setor privado, muito mais capaz de administrar.

 

Nós já ouvimos essa ladainha uma vez e muitos acreditaram. Agora vejam o estado em que está o nosso parque siderúrgico, vejam o caos que se criou na telefonia, olhem como acabou o setor petroquímico do país...